Introdução:
A Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono (SAOS) é caracterizada por episódios repetitivos de obstrução nas vias aéreas superiores durante o sono, associados quase sempre a uma diminuição na saturação arterial do oxigênio (SaO2). Como conseqüência principal, ocorre ausência de ventilação alveolar durante as apnéias, com desenvolvimento de hipoxemia crônica e consequentemente de doenças cardiovasculares (hipertensão pulmonar, ICC, HAS, insuficiência coronariana e outras). Com isso há aumento da mortalidade e aparecimento de problemas familiares e sociais importantes, principalmente pela sonolência excessiva diurna devido a privação do sono normal e reparador noturno.
A SAOS é definida como: pausas respiratórias resultantes da obstrução parcial (hipopnéias) ou completas (apneias) das vias aéreas superiores com mais de 10 segundos de duração, em quantidade de 10 ou mais por hora e que provocam dessaturação arterial de oxigênio. Clinicamente durante o sono há a presença de ruído muito intenso (ronco), com interrupções de sono repetitivas que alteram a estrutura normal do sono.
Durante o dia o principal sintoma é a sonolência excessiva, de graus variáveis. São fatores agravantes e importantes, não causais a obesidade e o consumo de álcool.
Calcula-se que a SAOS afeta cerca de 2 a 4 % da população adulta em geral no mundo industrializado. O problema incide principalmente em homens de meia idade e mais de 60% deles são obesos. Mulheres variam de 12 a 35 % dos casos.
A Taxa de mortalidade é maior em doentes portadores de SAOS do que na população em geral, e as causas principais de óbito nesse grupo de doentes são devidas a complicações cardiovasculares.
O perfil do doente típico: homens de meia idade, obesos que podem ter anomalias anatômicas que afetam a permeabilidade das vias aéreas superiores (ex.: micrognatia)
Complicações Neuropsicológicas
Como consequência da atuação na estrutura normal do sono, durante o dia o paciente portador da SAOS possue graus variáveis de hiperssonia. As principais complicações da sonolência excessiva diurna são: acidentes de automóveis e de trabalho alteração psiquiátricas e impotência sexual.
O diagnóstico é feito pelo estudo polissonográfico noturno que registra continuamente a saturação arterial do oxigênio, a freqüência cardíaca, o ruído traqueal (ronco) e os movimentos toraco-abdominais e de membros inferiores.
Tratamento
Quando não há anomalia anatômica que possa ser corrigida cirurgicamente, o uso do CPAP (pressão positiva contínua em vias aéreas) nasal é o tratamento de escolha na SAOS.
O nível de pressão necessária para manter as vias aéreas permeáveis deve ser determinado individualmente para cada paciente no laboratório do sono.
O uso do CPAP estará bem indicado quando ele conseguir: suprimir as apnéias, eliminar o ronco, evitar dessaturação arterial do oxigênio e suprimir a incoordenação toracoabdominal que ocorre durante as fases de aumento da resistência das vias aéreas superiores.
Deve-se usar o CPAP durante todo o período de sono noturno e por tempo indeterminado, pois o seu uso é paliativo.
O benefício do tratamento é imediato, e a longo prazo diminui-se a taxa de mortalidade associada a SAOS.
A sensação subjetiva de bem-estar e melhora clínica é detectável em 80% dos pacientes. A resposta ao tratamento é rápida e a sonolência diurna melhora em torno de 14 dias após o início da utilização do CPAP.
Muitos pacientes necessitam oxigenoterapia domiciliar em associação ao uso do CPAP nasal para correção da SaO2. Existe uma porcentagem de pacientes portadores de DPOC que possuem SAOS (a chamada síndrome “overlap”). Podemos suspeitar da presença de síndrome “overlap” nos pacientes portadores de DPOC que relatam distúrbios de sono com roncos e despertares freqüentes noturnos e/ ou que possuam hipertensão pulmonar (HP) desproporcional ao grau da DPOC, com ou sem hipoxemia diurna.
Equipamentos que podem ser usados para a correção da SAOS
A) CPAP= Pressão positiva contínua em vias aéreas.
B) BIPAP= Dois níveis de pressão positiva (expiratória e inspiratória).
Utilizada por pacientes que necessitam de pressão muito elevada em vias aéreas e não se adaptam ao CPAP (10 a 15% do total dos pacientes)
Ventilação Mecânica Domiciliar
A ventilação mecânica domiciliar (VMD) é utilizada há 30 anos nos países ocidentais com o objetivo de tratar pacientes que necessitam de suporte ventilatório por longos períodos, como uma excelente alternativa a internação hospitalar.
Ela melhora a sobrevida de pacientes portadores de alteração da mecânica de caixa torácica como doenças neuro musculares, cifoescoliose, seqüelas extensas de tuberculose, bronquiectasias e DPOC na fase final, assim como corrige as alterações de trocas gasosas, melhora a sensação de dispnéia dos pacientes e reduz as internações hospitalares dos pacientes
A VMD pode ser utilizada com ou sem o uso concomitante da oxigenoterapia domiciliar prolongada. O tratamento domiciliar dos pacientes submetidos a VMD deve ser realizado com requisitos mínimos imprescindíveis, como ações do tipo educacional ao paciente e seus familiares que contribuem para o êxito do tratamento.